Apresentação

Todas as pessoas têm uma história a contar, só precisam de alguém disposto a ouvi-las. Uma história capaz de virar livro, filme, ou qualquer recorte da narrativa de suas vidas. E no Ver-o-Peso - a maior feira ao ar livre da América Latina - anônimos andam por todos os lados carregando histórias.

O projeto “Maria’s do Ver-o-Peso” quer contar através de imagens e depoimentos as histórias de vida dos personagens que compõem esse universo, onde o trabalho une homens e mulheres. O resultado será um livro com 80 páginas no tamanho 21x29 cm, com fotos e depoimentos, e uma exposição fotográfica itinerante pelo Estado do Pará com 30 quadros no tamanho 90 x 60 cm.

No protejo, as mulheres são as protagonistas. Em meio ao barulho, ao suor, aos gritos e músculos dos homens, elas estão lá marcando seu espaço para o sustento da família. Elas são as provedoras do lar. Com a revolução feminista no século XX, as mulheres deixam de comandar o fogão da cozinha de seus lares para guiarem seus próprios destinos fora de casa. Seja por um grito de independência ou por pura necessidade, no Ver-o-Peso, elas se encontram e se misturam ao cotidiano da feira. Vendem comida, frutas, bebidas, ervas, até mesmo o próprio corpo. Limpam, sorriem, choram, trabalham. Sozinhas ou acompanhadas, as mulheres do Ver-o-Peso, assim como em outros campos do mercado de trabalho, ajudam a impulsionar a economia do Estado.

Elas têm muitos nomes, idades e histórias. Muitas se chamam Maria e são devotas de Nossa Senhora de Nazaré, a padroeira dos paraenses. Maria é nome comum, ser devota também, e nem precisa se chamar Maria para no fim das contas acabar como Maria.

O projeto “Maria’s do Ver-o-Peso” tem prazo previsto de um ano para seu desenvolvimento. A primeira etapa é a pesquisa histórica e econômica do complexo com duração de um mês. A segunda etapa refere-se à busca dos personagens e ao envolvimento com suas realidades. Durante cinco meses, duas jornalistas vão acompanhar a vida de quatro mulheres que trabalham em pontos distintos da feira (mercado de peixe, ponto das ervas, feira do açaí e feira de comidas) e uma sem ponto fixo no local.
Cada ambiente compõe o retrato multifacetado chamado Ver-o-Peso. Seria impossível escolher apenas um espaço para representar toda a diversidade e a complexidade entranhadas na história da feira, que é um pouco a de Belém. Afinal, parte do município começou e se desenvolveu ali, reunindo num pedaço da cidade gente de todos os lugares, credos, sotaques, cores e idades.

A produção do projeto será feita por meio de fotografias e entrevistas. Além das personagens principais, o trabalho pretende mostrar também vidas paralelas das mulheres que frequentam a feira, seja para comprar produtos, passear, visitar parentes ou amigos, seja para qualquer outra atividade além do trabalho.

Na terceira etapa do projeto, com prazo estimado de três meses de duração, começa a elaboração do livro com a transcrição de entrevistas, edição das fotografias e depoimentos, revisão de textos, entre outros itens necessários à finalização da obra até seu lançamento na data de abertura da exposição fotográfica, a ser definida em comum acordo com o patrocinador.

Na última etapa, dois meses para a finalização e impressão do livro, preparação da exposição fotográfica com a curadoria das fotos e textos, escolha dos espaços para receber as obras, impressão dos materiais gráficos componentes da mostra, desde flyers e cartazes, entre outros itens aliados à assessoria de imprensa com envio de notas e matérias para os veículos de mídia, divulgando o trabalho.
Dessa forma o projeto “Maria’s do Ver-o-Peso” apresenta ao povo de Belém e do Pará quem são as pessoas que fazem o Ver-o-Peso, mais especificamente as mulheres. Um olhar sobre a vida em constante movimento desse mundo de cheiros, gostos e sabores.
O projeto vem de encontro também com a salvaguarda do patrimônio imaterial, dos saberes populares – desde os cortes de peixes às receitas medicinais de ervas da Amazônia – e das histórias folclóricas entranhadas nesse universo cultural, que foi tombado como Patrimônio Histórico em 1997 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).